Os loucos!

Então, faz alguns meses... Alguns meses que vivi dias agitados com os loucos. É noite de sábado, e tudo parece tão calmo agora que eles não estão aqui. Hora de pensar a importância de viver cada momento como se fosse o único, e aproveitar cada segundo. Agora me restam boas lembranças. Felicidade por ter me permitido ser e estar. Agora eu posso estar lá, no lugar em que fizemos história, e eles? Onde eles estão? Por que se foram? Disseram que retornariam, e eu estou esperando. Pediram que eu fosse com eles, e eu estou me planejando. Irei, Algum dia faremos jus as nossas promessas, promessas que fizemos enquanto brindávamos com copos cheios do que apelidamos de “remédio”. Andamos, sentimos a cidade, tivemos vida noturna, tivemos vida diurna, tivemos vida... É tivemos vida. As gotas que caiam sobre nossas cabeças contribuíram para que a nossa explosão fosse cada vez maior. Queríamos tudo ao mesmo tempo e, de fato, tivemos. Volto ao lugar em que queimamos como fabulosos fogos de artifício, mas parece tudo tão diferente. Aquelas ruas pareciam tão menores. Eram todos conhecidos. Aquele lugar era nosso, e torço para que ainda seja. Loucos para viver! Eternizei nossos momentos, mas espero que voltem... E que voltem cada vez mais loucos para sentirmos mais uma vez a maravilha de existir.

Encontros no elevador!

Passou-se das 23h, e eu chegando da universidade... Nessas horas os corredores do meu prédio ficam tão vazios. Estava me rastejando por eles até chegar à porta do elevador. Nem estava me importando em correr, mesmo querendo chegar logo em casa (Meus dias são tão cansativos que quase me falta energia para voltar para casa). Quando cheguei perto do elevador, fiquei surpresa ao ver que tinha alguém segurando a porta do elevador para mim (existem almas caridosas no meu prédio). A surpresa se deu pelo fato da menina estar voltando da escola àquela hora, e aparentar ser bem novinha. Nunca encontro pessoas mais novas do que eu depois das 23h no elevador. Estranho! Assim que entramos, ela se encostou (se jogou) sobre a “parede” do elevador e deu um grito. Um grito de alívio. Quase gritei junto com ela. A menina estava tão exausta que nem se importou com a minha presença, liberou toda a tensão que estava sentindo ali mesmo. Pela mochila que ela carregava nas costas, eu imaginei que era mais do que necessário ela liberar toda aquela agonia. Eu estava tão imersa na minha inveja por não ter coragem de liberar a minha tensão também, mal pude a ouvir desabafando antes dela sair do elevador. Consegui ouvir apenas “é! a vida é dura!” e pronunciei poucas palavras para concordar com o que ela dizia, mas não sei se ela conseguiu ouvir. Estivemos por uns 5 segundos dentro de um elevador trocando energias que não existiam, e compartilhando o sofrimento de um dia corrido e cansativo. E pensar que ela só está começando a luta do dia-a-dia... E eu também. Enfim, cheguei em casa! Boa Noite!

O fantástico mundo universitário!

  
  Faz pouco tempo que eu passei no vestibular, e por isso as pessoas ficam me perguntando como está a minha universidade e se eu estou gostando. Eu ainda não sei se estou mesmo gostando. Gosto das minhas aulas, gosto da grade curricular e gosto dos conteúdos, mas não gosto da cultura dos alunos. Não sei se essa cultura fica limitada a minha faculdade ou se acontece nas outras também.
 
Eu consegui. Passei para uma universidade pública para o curso que eu queria. Só não imaginava a nojeira que é uma universidade na maior parte do tempo. Gosto do acréscimo de conhecimento, compartilhamento de ideias e discussões que contribuem para a formação de opinião. O problema é que a gente encontra muita hipocrisia por trás desses discursos geniais. Muitos seres pensantes que, na verdade, não pensam nada,
  Se o futuro do País depende de nós, isso explica porque o Brasil tem tantos problemas. Fico besta com as salas de aulas com 10 alunos, quando deveriam ter 50. Onde estão os outros 40 alunos? No bar, talvez. Tento entender  porque esses alunos competem uma vaga com milhares de pessoas. Pode ser que fizeram a prova apenas para provar para alguém que era capaz de conseguir uma vaga super disputada. É revoltante saber que muitas pessoas dariam tudo para ter uma oportunidade dessas, que valorizariam bem mais a vaga do que qualquer outra pessoa, e que meu amiguinho de turma só está se importando se ele ganhou a presença dele na chamada.
  Às vezes, fico pensando que eu tenho que ignorar tudo isso, mas tem sido complicado. Se a pessoa está na sala e dorme até a hora da chamada, o problema é todo dela em querer só a presença. Só que essa semana eu fiquei pasma quando, na aula de uma professora que espera que a turma faça uma lista de presença, chegaram duas listas de presença em que uma delas foi feita no dia anterior por alunos que faltariam o dia seguinte. Na sala tinham 10 pessoas, e as listas tinham uns 40 nomes. Só pensei uma coisa “é na mão dessas pessoas que está o futuro da nação”.
  É muito lindo ver estudantes indignados, lutando por um ideal, discutindo com professores que trazem matérias defasadas, batucando e fazendo dança da chuva pelos corredores, só que a gente fica puto quando acompanha de perto essa galera que não está nem um pouco interessada em aprimorar os conhecimentos e contribuir para que a aula se torne mais interessante. É o tipo de gente que se acha muito foda para assistir aula, e se assiste,discute com o professor (afinal, eles sabem bem mais que o cara que é PhD no assunto)...
  Apresentações de seminários é um inferno. No semestre passado um professor teve que dizer que teriam questões das apresentações na prova para que os alunos não debandassem das aulas. À medida que o seminário vai acontecendo, a turma vai diminuindo. Tem aqueles heróis que só aparecem no dia de apresentar e só aparecem se rolar alguma avaliação. O mais engraçado é que ficam compartilhando coisas sobre o governo corrupto, como se assinar o nome do amiguinho ou pedir que o amiguinho assine na lista de presença fosse super correto.
  Enfim, é o fantástico mundo universitário. Poderia não ser necessário um professor fazer chamada, poderia não ser necessário um professor cobrar questões das apresentações do seminário, poderia não ser necessário o professor fazer pequenas ameaças para que alunos maiores de 18 anos (muitos já trabalham) assistam às aulas. Afinal, eles fizeram uma prova para estar ali. Assistir as aulas é o mínimo que eles poderiam fazer para no futuro contribuírem, de alguma forma, com a população que se ferra pagando impostos quem pagam a universidade deles.  Eu agradeço que ainda exista uma minoria que faz a diferença.


Bateu saudade da rotina.


  Acho que eu nunca escrevi aqui sobre trabalho... Me dei conta disso enquanto eu voltava de um reunião. Pois é... Ficar olhando a rua pela janela do busão não é só o passatempo da minha viagem, é também, um dos poucos momentos em que eu posso refletir. Passar pelo centro, e ver aquela multidão correndo de um lado para o outro, me fez refletir sobre minha vida de trabalhadora.
  Comecei a trabalhar muito nova. Eu fazia um cursinho de bijuterias e, ao mesmo tempo, fazia e vendia para as minhas amigas (eu deveria ter uns 13 anos). Não ganhava muita grana, mas o que eu ganhava era suficiente para sustentar minhas coisinhas. Fiquei nessa de vender coisas até meus 17 anos porque depois comecei a fazer estágio. No estágio eu tinha toda uma rotina... Acordava as 07h, quando a preguiça tomava conta eu me permitia dormir mais 20 minutinhos, tinha horário de almoço e tinha que cumprir metas. Fiquei nessa rotina por seis meses, poderia ter continuado, mas não quis renovar meu contrato porque eu precisava estudar. E nessa de estudo, voltei a trabalhar com autonomia.
  Agora trabalho fazendo uns freelas em eventos e coisa e tal. Trabalhar assim é muito bom porque eu posso conciliar com as trocentas coisas que eu faço. Trabalho em lugares diferentes, com pessoas diferentes e com rotinas diferentes. Só que nesse meu momento de reflexão no busão, vendo aquelas pessoas saindo de seus escritórios e empresas, me deu vontade de ter um trabalho fixo com uma rotina. Eu gosto muito da minha maneira diferente de trabalhar, mas só por uns segundos eu senti inveja daquelas pessoas. Deu saudade da época que eu fazia estágio e vivia uma rotina parecida com a delas. Saudade de ir tomar um cafezinho só para dar aquela escapadinha básica das tarefas. Saudade de dar bom dia para o motorista que era meu amigo, só pelo fato dele me levar todos os dias para o meu trabalho. Saudade daquele clima familiar e íntimo que se existia entre os meus colegas de trabalho.
  Nos freelas, mal conheço as pessoas que estão trabalhando comigo. Na maioria das vezes os trabalhos são feitos em um dia. A equipe sempre muda. Não rola se apegar. Tem que ser versátil e logo se adaptar a novas metodologias de trabalho. Uma correria! Às vezes, eu nem sei o nome do cara que está trabalhando comigo. Pode ser que eu encontre-o em outro trabalho, mas é incerto. Não se cria vínculos... Tenho mesmo é que aproveitar ao máximo quando estou trabalhando com uma equipe legal.
  Enfim, foi só um desses momentos de nostalgia que passam rápido. Continuo preferindo meu trabalho louco. Quando eu tinha rotina, eu também sentia inveja de gente que não tinha. É a vida... Nostalgia que da e passa.

Cafezando no Centro!



Hoje foi um dia meio tumultuado. Precisei ir ao Saara comprar coisas para a minha festa de aniversário. Todo dia eu vou, e sempre falta coisa. Andar no Saara é super cansativo. Eu e minha irmã andamos por bastante tempo. Quando a nossa energia acabou resolvemos tomar um Café na Confeitaria Manon que fica ali na esquina da Rua Uruguaiana com a Rua Sete de Setembro. Tem muita coisa boa naquela confeitaria, tive a felicidade de saborear o doce “Marta Rocha” (super investimento rs). Minha vontade era de estocar uns aqui no meu humilde apartamento. Estava eu lá sentada aguardando meu café e viajando no tempo com aquela decoração antiga da confeitaria, até que minha viagem é interrompida pelo barulho dos carros de bombeiros que passavam muito rápido para solucionar algum problema muito próximo dali. Eu continuei sentada. Todos os dias eu escuto uma ou mais sirenes passando pela avenida que eu moro, é quase que comum para mim. Eu e minha irmã acompanhamos toda a movimentação de clientes e funcionários da confeitaria para olhar o que estava acontecendo na rua. Tumulto geral na confeitaria. Me senti meio filha da puta quando levantei só para ver um doce na bancada. As pessoas que continuavam sentadas estavam curiosas tentando saber o que acontecia na rua, mas não tinha coragem de levantar. Ainda em pé escolhendo o doce que eu comeria escutei uma das funcionárias falando que tinha um cara tentando se jogar. Parei de olhar o doce, e fui pra rua na mesma hora para procurar o cara que queria se jogar. Nunca vi uma negociação da vida ( aquelas que o bombeiro e toda a nação se mobilizam para salvar a vida do cara e tentar mostrar que o mundo é lindo e ele é um otário por querer acabar com a vida linda que ele tem) antes e continuei sem ver... Se tinha um cara tentando se matar, eu não vi. Nem mesmo, descobri o que tinha acontecido para tantos carros de bombeiros estarem passando loucamente. Voltei para a confeitaria e terminei meu café. Minha irmã jura até agora que eu não levantei pra ver doce coisa nenhuma, que eu levantei mesmo foi para fofocar. O que eu espero é que não tenha sido nada grave. Ah! Essas tardes de café super inusitadas. 

Manhã da Lapa



O bairro da Lapa conhecido por sua vida noturna e agitada tem suas manhãs de tranqüilidade. Como eu faço curso de Cinema na Lapa eu frequento
 o lugar em vários horários. Na realidade, eu adoro viver esse lado da Lapa que muita gente não conhece. A Avenida Mem de Sá com seus bares famosos que são frequentados por pessoas de todo o mundo  é um avenida como qualquer outra numa manhã de um dia qualquer. Todo aquele agito das noites fervilhantes da Lapa desaparece quando você encontra um morador carregando jornal e pão ou o vizinho da minha escola me oferecendo um cafezinho para eu tomar enquanto eu espero na calçada dele os outros alunos chegarem. Na ladeira que tem fama der ser o local dos maconheiros, pela manhã tem crianças brincando e tem a Dona Rosa (uma senhora muito fofinha e tagarela) passando e fazendo suas queixas de sempre. Têm, também, aquelas típicas figurinhas repetidas de botequim que não amanheceram ali, elas simplesmente levantam bem cedo para tomar a cachaça matinal (são engraçados). E o gari? O gari cantando para mim “você é linda mais que demais” numa alegria contagiante que nem se importa com toda aquela sujeira deixada pelos “porquinhos” que estiveram ali à noite. É, acho que as latas de cervejas vazias e outros lixos são as coisas que fazem a gente lembrar que aquele bairro tem uma vida noturna. Gosto de estar lá pela manhã e gosto de estar lá pela noite, porque gosto de sentir e viver essa diferença. Antes de estar na Lapa na maior parte do tempo, era como se de dia aquilo não existisse lá. Era como se o bairro ficasse parado no tempo até que a noite chegasse, na realidade, nem me ligava que a Lapa era um bairro. Acho que muita gente não se da conta de que a Lapa é um bairro e por isso não a respeita como se fosse. Existem duas Lapas. Existe a Lapa do dia. Existe a Lapa da noite. Eu gosto das duas. E você?