O fantástico mundo universitário!

  
  Faz pouco tempo que eu passei no vestibular, e por isso as pessoas ficam me perguntando como está a minha universidade e se eu estou gostando. Eu ainda não sei se estou mesmo gostando. Gosto das minhas aulas, gosto da grade curricular e gosto dos conteúdos, mas não gosto da cultura dos alunos. Não sei se essa cultura fica limitada a minha faculdade ou se acontece nas outras também.
 
Eu consegui. Passei para uma universidade pública para o curso que eu queria. Só não imaginava a nojeira que é uma universidade na maior parte do tempo. Gosto do acréscimo de conhecimento, compartilhamento de ideias e discussões que contribuem para a formação de opinião. O problema é que a gente encontra muita hipocrisia por trás desses discursos geniais. Muitos seres pensantes que, na verdade, não pensam nada,
  Se o futuro do País depende de nós, isso explica porque o Brasil tem tantos problemas. Fico besta com as salas de aulas com 10 alunos, quando deveriam ter 50. Onde estão os outros 40 alunos? No bar, talvez. Tento entender  porque esses alunos competem uma vaga com milhares de pessoas. Pode ser que fizeram a prova apenas para provar para alguém que era capaz de conseguir uma vaga super disputada. É revoltante saber que muitas pessoas dariam tudo para ter uma oportunidade dessas, que valorizariam bem mais a vaga do que qualquer outra pessoa, e que meu amiguinho de turma só está se importando se ele ganhou a presença dele na chamada.
  Às vezes, fico pensando que eu tenho que ignorar tudo isso, mas tem sido complicado. Se a pessoa está na sala e dorme até a hora da chamada, o problema é todo dela em querer só a presença. Só que essa semana eu fiquei pasma quando, na aula de uma professora que espera que a turma faça uma lista de presença, chegaram duas listas de presença em que uma delas foi feita no dia anterior por alunos que faltariam o dia seguinte. Na sala tinham 10 pessoas, e as listas tinham uns 40 nomes. Só pensei uma coisa “é na mão dessas pessoas que está o futuro da nação”.
  É muito lindo ver estudantes indignados, lutando por um ideal, discutindo com professores que trazem matérias defasadas, batucando e fazendo dança da chuva pelos corredores, só que a gente fica puto quando acompanha de perto essa galera que não está nem um pouco interessada em aprimorar os conhecimentos e contribuir para que a aula se torne mais interessante. É o tipo de gente que se acha muito foda para assistir aula, e se assiste,discute com o professor (afinal, eles sabem bem mais que o cara que é PhD no assunto)...
  Apresentações de seminários é um inferno. No semestre passado um professor teve que dizer que teriam questões das apresentações na prova para que os alunos não debandassem das aulas. À medida que o seminário vai acontecendo, a turma vai diminuindo. Tem aqueles heróis que só aparecem no dia de apresentar e só aparecem se rolar alguma avaliação. O mais engraçado é que ficam compartilhando coisas sobre o governo corrupto, como se assinar o nome do amiguinho ou pedir que o amiguinho assine na lista de presença fosse super correto.
  Enfim, é o fantástico mundo universitário. Poderia não ser necessário um professor fazer chamada, poderia não ser necessário um professor cobrar questões das apresentações do seminário, poderia não ser necessário o professor fazer pequenas ameaças para que alunos maiores de 18 anos (muitos já trabalham) assistam às aulas. Afinal, eles fizeram uma prova para estar ali. Assistir as aulas é o mínimo que eles poderiam fazer para no futuro contribuírem, de alguma forma, com a população que se ferra pagando impostos quem pagam a universidade deles.  Eu agradeço que ainda exista uma minoria que faz a diferença.


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