Bateu saudade da rotina.


  Acho que eu nunca escrevi aqui sobre trabalho... Me dei conta disso enquanto eu voltava de um reunião. Pois é... Ficar olhando a rua pela janela do busão não é só o passatempo da minha viagem, é também, um dos poucos momentos em que eu posso refletir. Passar pelo centro, e ver aquela multidão correndo de um lado para o outro, me fez refletir sobre minha vida de trabalhadora.
  Comecei a trabalhar muito nova. Eu fazia um cursinho de bijuterias e, ao mesmo tempo, fazia e vendia para as minhas amigas (eu deveria ter uns 13 anos). Não ganhava muita grana, mas o que eu ganhava era suficiente para sustentar minhas coisinhas. Fiquei nessa de vender coisas até meus 17 anos porque depois comecei a fazer estágio. No estágio eu tinha toda uma rotina... Acordava as 07h, quando a preguiça tomava conta eu me permitia dormir mais 20 minutinhos, tinha horário de almoço e tinha que cumprir metas. Fiquei nessa rotina por seis meses, poderia ter continuado, mas não quis renovar meu contrato porque eu precisava estudar. E nessa de estudo, voltei a trabalhar com autonomia.
  Agora trabalho fazendo uns freelas em eventos e coisa e tal. Trabalhar assim é muito bom porque eu posso conciliar com as trocentas coisas que eu faço. Trabalho em lugares diferentes, com pessoas diferentes e com rotinas diferentes. Só que nesse meu momento de reflexão no busão, vendo aquelas pessoas saindo de seus escritórios e empresas, me deu vontade de ter um trabalho fixo com uma rotina. Eu gosto muito da minha maneira diferente de trabalhar, mas só por uns segundos eu senti inveja daquelas pessoas. Deu saudade da época que eu fazia estágio e vivia uma rotina parecida com a delas. Saudade de ir tomar um cafezinho só para dar aquela escapadinha básica das tarefas. Saudade de dar bom dia para o motorista que era meu amigo, só pelo fato dele me levar todos os dias para o meu trabalho. Saudade daquele clima familiar e íntimo que se existia entre os meus colegas de trabalho.
  Nos freelas, mal conheço as pessoas que estão trabalhando comigo. Na maioria das vezes os trabalhos são feitos em um dia. A equipe sempre muda. Não rola se apegar. Tem que ser versátil e logo se adaptar a novas metodologias de trabalho. Uma correria! Às vezes, eu nem sei o nome do cara que está trabalhando comigo. Pode ser que eu encontre-o em outro trabalho, mas é incerto. Não se cria vínculos... Tenho mesmo é que aproveitar ao máximo quando estou trabalhando com uma equipe legal.
  Enfim, foi só um desses momentos de nostalgia que passam rápido. Continuo preferindo meu trabalho louco. Quando eu tinha rotina, eu também sentia inveja de gente que não tinha. É a vida... Nostalgia que da e passa.

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