O bairro da Lapa conhecido por sua vida noturna e agitada
tem suas manhãs de tranqüilidade. Como eu faço curso de Cinema na Lapa eu frequento
o lugar em vários horários. Na realidade, eu adoro viver esse lado da Lapa que
muita gente não conhece. A Avenida Mem de Sá com seus bares famosos que são frequentados por pessoas de todo o mundo é um avenida
como qualquer outra numa manhã de um dia qualquer. Todo aquele agito das noites
fervilhantes da Lapa desaparece quando você encontra um morador carregando
jornal e pão ou o vizinho da minha escola me oferecendo um cafezinho para eu
tomar enquanto eu espero na calçada dele os outros alunos chegarem. Na ladeira
que tem fama der ser o local dos maconheiros, pela manhã tem crianças brincando
e tem a Dona Rosa (uma senhora muito fofinha e tagarela) passando e fazendo
suas queixas de sempre. Têm, também, aquelas típicas figurinhas repetidas de
botequim que não amanheceram ali, elas simplesmente levantam bem cedo para
tomar a cachaça matinal (são engraçados). E o gari? O gari cantando para mim
“você é linda mais que demais” numa alegria contagiante que nem se importa com
toda aquela sujeira deixada pelos “porquinhos” que estiveram ali à noite. É,
acho que as latas de cervejas vazias e outros lixos são as coisas que fazem a
gente lembrar que aquele bairro tem uma vida noturna. Gosto de estar lá pela
manhã e gosto de estar lá pela noite, porque gosto de sentir e viver essa
diferença. Antes de estar na Lapa na maior parte do tempo, era como se de dia
aquilo não existisse lá. Era como se o bairro ficasse parado no tempo até que a
noite chegasse, na realidade, nem me ligava que a Lapa era um bairro. Acho que
muita gente não se da conta de que a Lapa é um bairro e por isso não a respeita
como se fosse. Existem duas Lapas. Existe a Lapa do dia. Existe a Lapa da
noite. Eu gosto das duas. E você?
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